“O Espírito
Santo não está dissociado da pregação da Palavra, antes, Ele opera em meio a
pregação da Palavra na vida do crente.”
- Franklin Ferreira
Escutei essa
frase há sete meses em uma das aulas de teologia sistemática com meu querido
mestre e amigo Franklin Ferreira, e nesses últimos dias, após algum tipo de
análise dos nossos cultos, pude perceber que existe uma nítida herança
carismática, quando não é um culto propriamente carismático mesmo, no nosso
meio que tende a separar o agir do Espírito Santo dos louvores e da pregação.
Ora, se há
algum tipo de adoração nos nossos louvores, ela se faz presente nas letras que
cantamos. Louvamos a Deus, engrandecemos o Seu nome, falamos dos Seus feitos e
da Sua grande salvação, mas num dado momento o louvor se transforma em fundo
musical para algo chamado “ministração”. É aí que tudo desanda. Parece que nada
do que foi cantado tem valor se não houver ministração. É nessa ministração,
muitas vezes apelativa, emocional e pobre de conhecimento teológico, que se
entende que o Espírito Santo age. É nesse momento que ouvimos com maior
intensidade os gritos, berros e choros que comprovam o agir do Espírito Santo.
As vezes a ministração é totalmente antropocêntrica e voltada para as
necessidades imediatas das pessoas. Ouvimos coisas do tipo: “queremos sentir
sua presença”, “se faz presente”, “queremos te atrair” (essa é a pior), e
outras invocações que deixam bem claro que para essas pessoas, até então, o
Espírito Santo estava em um tipo de vácuo inerte, longe da congregação e
inoperante. O Espírito Santo não é a “cinderela” do cristianismo, não é uma
força motriz, não é uma energia positiva que vem saciar nossas necessidades ao pedirmos, Ele é Deus de Deus, Luz da Luz, Deus pessoal como o Pai e o
Filho, como disse Santo Agostinho:
“[O Espírito Santo é a] suma
caridade, laço que une um ao outro [o Pai ao Filho], e nos submete a eles.”
Nossas
igrejas precisam rever a abordagem teológica dos louvores, não só nas letras,
mas também examinar a capacidade teológica de quem está dirigindo a congregação
em louvor, pois se não for dessa maneira, nossos momentos de louvores estarão
mais perto de cultos pagãos que precisam invocar divindades por meio de meios,
do que de culto à Deus, pois nosso Deus age a despeito do nosso muito falar,
gritar, chorar, etc.
Na pregação
da Palavra também fica evidente que para o Espírito Santo agir, é preciso o
pregador falar um pouco mais alto, fazer algum tipo de apelo emocional, emendar
uma série de dizeres sem parar para que possa haver operação do Espírito Santo.
Ou então, ao final da pregação, é feita aquela oração longa para que o Espírito
Santo então aja, pois afinal a palavra foi pregada, e opere no meio da igreja. Eu
me pergunto, será que o Espírito Santo não agiu durante a pregação? Será que
durante aqueles 40 minutos ou 1 hora de discurso foi vazio da presença de Deus?
Será que além da pregação da palavra é preciso algum movimento na igreja com
características externas, emocionais, audíveis e visíveis para que possamos
dizer que o Espírito Santo agiu?
O Espírito
Santo não está separado da palavra. É a Sua própria palavra. Ele age no meio da pregação. Seus sinais mais verdadeiros são invisíveis.
Para
concluir essa breve reflexão, deixo aqui alguns de muitos sinais internos e
verdadeiros da obra do Espírito Santo na vida do crente, extraído da obra de
Jonathan Edwards “Religious affections”,
digo que esses são, sem dúvida, alguns dos mais importantes sinais:
- Conhecimento de Deus
- Convicção profunda
- Humildade
- Mudança de natureza
- Um espírito semelhante ao de Cristo
- Temor de Deus
- Equilíbrio
- Entrega e perseverança
- Sofrimento e obediência