6 de novembro de 2014

A OBRA DO ESPÍRITO SANTO NO CULTO DA IGREJA LOCAL



“O Espírito Santo não está dissociado da pregação da Palavra, antes, Ele opera em meio a pregação da Palavra na vida do crente.”   -   Franklin Ferreira

Escutei essa frase há sete meses em uma das aulas de teologia sistemática com meu querido mestre e amigo Franklin Ferreira, e nesses últimos dias, após algum tipo de análise dos nossos cultos, pude perceber que existe uma nítida herança carismática, quando não é um culto propriamente carismático mesmo, no nosso meio que tende a separar o agir do Espírito Santo dos louvores e da pregação.

Ora, se há algum tipo de adoração nos nossos louvores, ela se faz presente nas letras que cantamos. Louvamos a Deus, engrandecemos o Seu nome, falamos dos Seus feitos e da Sua grande salvação, mas num dado momento o louvor se transforma em fundo musical para algo chamado “ministração”. É aí que tudo desanda. Parece que nada do que foi cantado tem valor se não houver ministração. É nessa ministração, muitas vezes apelativa, emocional e pobre de conhecimento teológico, que se entende que o Espírito Santo age. É nesse momento que ouvimos com maior intensidade os gritos, berros e choros que comprovam o agir do Espírito Santo. As vezes a ministração é totalmente antropocêntrica e voltada para as necessidades imediatas das pessoas. Ouvimos coisas do tipo: “queremos sentir sua presença”, “se faz presente”, “queremos te atrair” (essa é a pior), e outras invocações que deixam bem claro que para essas pessoas, até então, o Espírito Santo estava em um tipo de vácuo inerte, longe da congregação e inoperante. O Espírito Santo não é a “cinderela” do cristianismo, não é uma força motriz, não é uma energia positiva que vem saciar nossas necessidades ao pedirmos, Ele é Deus de Deus, Luz da Luz, Deus pessoal como o Pai e o Filho, como disse Santo Agostinho:

“[O Espírito Santo é a] suma caridade, laço que une um ao outro [o Pai ao Filho], e nos submete a eles.”

Nossas igrejas precisam rever a abordagem teológica dos louvores, não só nas letras, mas também examinar a capacidade teológica de quem está dirigindo a congregação em louvor, pois se não for dessa maneira, nossos momentos de louvores estarão mais perto de cultos pagãos que precisam invocar divindades por meio de meios, do que de culto à Deus, pois nosso Deus age a despeito do nosso muito falar, gritar, chorar, etc.

Na pregação da Palavra também fica evidente que para o Espírito Santo agir, é preciso o pregador falar um pouco mais alto, fazer algum tipo de apelo emocional, emendar uma série de dizeres sem parar para que possa haver operação do Espírito Santo. Ou então, ao final da pregação, é feita aquela oração longa para que o Espírito Santo então aja, pois afinal a palavra foi pregada, e opere no meio da igreja. Eu me pergunto, será que o Espírito Santo não agiu durante a pregação? Será que durante aqueles 40 minutos ou 1 hora de discurso foi vazio da presença de Deus? Será que além da pregação da palavra é preciso algum movimento na igreja com características externas, emocionais, audíveis e visíveis para que possamos dizer que o Espírito Santo agiu?

O Espírito Santo não está separado da palavra. É a Sua própria palavra. Ele age no meio da pregação. Seus sinais mais verdadeiros são invisíveis.

Para concluir essa breve reflexão, deixo aqui alguns de muitos sinais internos e verdadeiros da obra do Espírito Santo na vida do crente, extraído da obra de Jonathan Edwards “Religious affections”, digo que esses são, sem dúvida, alguns dos mais importantes sinais:        

  •     Conhecimento de Deus
  •          Convicção profunda
  •          Humildade
  •          Mudança de natureza
  •          Um espírito semelhante ao de Cristo
  •          Temor de Deus
  •          Equilíbrio
  •          Entrega e perseverança
  •          Sofrimento e obediência